Valorizar a formação técnica

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O Brasil precisa criar uma cultura de valorização da formação técnica profissional. A implementação do Novo Ensino Médio integrado ao Ensino Técnico tem tudo para mudar o patamar da educação profissional no país e, consequentemente, transformar a vida de milhares de jovens permitindo que saiam da escola com uma formação adicional no currículo e com novas oportunidades no mercado de trabalho. Segundo pesquisa realizada pela Fundação Roberto Marinho, Itaú Educação e Trabalho e Fundação Arymax, divulgada em março, a educação profissional e técnica proporciona mais oportunidades de evolução na carreira para os jovens, em relação a quem concluiu apenas o ensino médio. 

Hoje cerca 11% dos jovens que finalizam a educação básica no Brasil têm formação técnica. Enquanto isso, o país vive um “apagão” da mão de obra com o mercado precisando de profissionais qualificados. Dados compilados pela consultoria internacional de recursos humanos ManPowerGroup, com base em entrevistas em 40 países, mostram que a falta de mão de obra especializada aumentou no Brasil em 2022 e somos o nono país que mais enfrenta o problema. Na formação técnica de jovens que finalizam a educação básica, o Brasil está muito distante da média dos países membros da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), que é de 42%. 

Por que só 11% dos jovens que finalizam a educação básica no Brasil têm formação técnica? É resultado da cultura de valorização do ensino superior e de um processo histórico da nossa educação que priorizou, por décadas, um ensino médio desconectado do ensino técnico e profissional, refém de uma narrativa de esquerda que demonizou a formação voltada para o mercado. Na direção contrária à tendência internacional, o país negou, durante décadas, a várias gerações de brasileiros uma verdadeira inclusão social. 

O ensino técnico eleva a escolaridade, impacta na geração de emprego, na produtividade, no aumento da renda e garante direito à educação e ao trabalho. E não elimina o acesso ao ensino superior numa etapa posterior. A reforma do ensino médio, feita pela nossa gestão no MEC, em 2017, deu um passo fundamental para inserir o Brasil entre os países que investem neste tipo de formação, ao incluir o ensino técnico no itinerário formativo. 

Pesquisa realizada pelo Itaú Educação e Trabalho e Fundação Roberto Marinho mostra que essa é uma demanda do próprio jovem: 93% dos concordam com o profissionalizante no ensino médio e 84% acham que há poucas escolas com essa modalidade. Um dado interessante da pesquisa é o desconhecimento dos jovens do 9° ano do ensino fundamental e 1° ano do ensino médio da rede pública sobre o ensino técnico: 77% desconhecem, mas consideram cursar a modalidade se tiver conhecimento e acesso.  A implementação do Novo Ensino Médio em todo o país, este ano, vem ao encontro das principais demandas identificadas nesta pesquisa. 

Mendonça Filho, ex-ministro da Educação e consultor da Fundação Lemann

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