O que você precisa saber sobre protagonismo do aluno no Novo Ensino Médio e competências profissionais do futuro

  Por Maria Ferreira, 

Base do Novo Ensino Médio, aprovado por lei em 16/02/2017 e implementado em todas as escolas do Brasil a partir de 2022, o protagonismo do aluno enfatiza uma arrumação do projeto de vida traçado pelo estudante e compatível com as competências e ambições dele. Parece interessante? Então, acompanhe neste artigo as vantagens do novo ensino, não só na escola, mas para um projeto de vida e inserção profissional. 

A juventude que termina o ensino médio e reproduz somente o que o professor explicou, não corresponde mais aos desafios do mundo do trabalho atual. O profissional do futuro pergunta, propõe, cria, toma iniciativa e se posiciona.

As pesquisas em Pedagogia e a BNCC (Base Nacional Comum Curricular) indicam a importância do protagonismo do aluno para a educação, se quisermos um aprendizado completo, estimulante e significativo.

O projeto de vida

               A ideia de projeto de vida do Novo Ensino Médio e BNCC, consiste em orientação dos alunos para reflexões sobre os objetivos deles e em motivá-los a serem conscientes sobre o futuro.

             Essa modificação curricular, tornou o médio mais atraente, aumentando o espaço para o estudante se posicionar na vida e num mundo profissional cada vez mais exigente, seja passando pela universidade ou pela formação técnica e profissional.

          O novo ensino integra uma ampla base de cultura comum, humanística e científica (60% da carga horária), aberta aos desafios do futuro, inovando com aulas de projeto de vida e de tecnologias. Dessa forma, promete formar pessoas autônomas, comprometidas, capazes de resolver problemas sozinhas e em equipe, independente da carreira que pretenda seguir. Junto com a tecnologia, o projeto de vida é um dos pontos altos da reforma porque compreende que, no dia-a-dia, os problemas ultrapassam o que se aprendia na escola e, ao contrário, envolvem muitas outras áreas.

A partir do segundo ano, o protagonismo se torna real e o aluno pode arrumar seu currículo diferenciado e flexível, com base em itinerários formativos (40% da carga horária) da BNCC, a fim de aprofundar os conhecimentos necessários na área que escolher abraçar depois de concluir o médio, criando, então, o projeto de vida no processo formativo.

Os itinerários formativos são arranjos com base em cinco àreas do conhecimento, a saber, Linguagens, Matemática, Ciências da Natureza e suas tecnologias, Ciências Humanas e Sociais Aplicadas, e formação técnica e profissional.

Como acontece essa escolha?

Logo que você escuta falar em protagonismo do jovem na escola, parece que ele vai fazer tudo o que quiser. Mas não é assim que funciona.

A escolha dos itinerários formativos não é solitária, é feita em parceria entre professor, escola e aluno.

Protagonismo do aluno quer dizer colocar dúvidas, interesses, desejos, necessidades e iniciativas como pontos centrais para o ensino. A escola se torna um lugar seguro para expor pensamentos e desenvolver uma visão de mundo mais larga e crítica.

O professor tem o indispensável papel de facilitador, sem perder a autoridade pedagógica, a fim de despertar a curiosidade do aluno, trazendo reflexões sobre caminhos do conhecimento.

Ambições do aluno na prática

Quando se fala em itinerários formativos, tem-se por objetivo impactar na escola, em contextos claros, contemplando uma metodologia que faça conexões práticas entre as ambições do aluno e o mundo profissional contemporêneo.

Os itinerários formativos têm potencial de aplicar atividades de pesquisas, formulação de hipóteses, criação de projetos, resolução de problemas complexos. Nesse desenho, o aluno aprende a perceber como ele atua na sociedade, o que isso significa e como pode aplicar os conhecimentos no mercado de trabalho, com um olhar crítico sobre a construção histórica desse segmento e as exigências para acessar o trabalho do futuro, num traçado que pode ser local ou global.

Visões de mundo

Projeto ousado e que aponta para uma mudança de mentalidade, o Novo Ensino Médio brasileiro tem formato semelhante ao de países da Europa, como a França que em 2018 reformulou o Lycée, equivalente ao nosso ensino médio, adotando um modelo de educação também com base em itinerários formativos, interdisciplinaridade e protagonismo do estudante, visando proporcionar a ele compreender os desafios do mundo contemporâneo.

Por outro lado, o Novo Ensino Médio despertou a atenção de pesquisadores da Facultad de Educación de la Universidad Diego Portales, do Chile, em parceria com Lara Simielli, da Fundação Getúlio Vargas, para um estudo comparado entre a reforma do ensino médio no Chile e no Brasil.

Tempo do Novo Ensino Médio

Ao ensinar por competências, escolha e resolução de problemas, o Novo Médio chegou com mais qualidade para implementar uma formação voltada para o aluno do que o modelo tradicional que, limitado, não envolve o estudante ativamente, não considera as necessidades reais dele e nem responde com plenitude às competências de um mercado do trabalho em permanente transformação.  

Ainda é cedo para avaliar o efeitos do Novo Ensino Médio, mas é claro que o processo de adaptação é confuso e pode gerar desconforto, implica mudar da cultura do conteúdo para a das competências e da interdisciplinaridade, um redesenho sobre um modelo de educação tradicional recente que tem um sentido temporal, porém não corresponde mais às necessidades do século 21.

Sem dúvidas, esse é o tempo do Novo Ensino Médio nas escolas do Brasil para se beneficiar e viver um paradigma de educação conectado com o aluno e as transformações contínuas de um mundo cada vez mais digital, porém que valoriza o debate, a criatividade, autonomia e soluções de grupos.

    Maria Ferreira, doutora em história e civilizações.

Fontes:

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2017/lei/l13415.htm

http://portal.mec.gov.br/conselho-nacional-de-educacao/ba

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