Infraestrutura: a chave para o crescimento

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O Brasil ocupa hoje a 70ª posição, dentre 141 países, no ranking de infraestrutura do Relatório de Competitividade do Fórum Econômico Mundial. Este dado, por si só, demonstra não só o quanto estamos defasados em relação as maiores economias, mas também a vastidão de oportunidades de investimentos num setor com enorme capacidade de geração de empregos e de crescimento dos demais setores produtivos. O Sindicato Nacional da Indústria da Construção Pesada (SINICON) estima que, para se equiparar à média mundial, o Brasil precisa triplicar o investimento anual em infraestrutura, saltando dos atuais 1,7% do PIB antes da pandemia (2019) para um patamar de 4,8% durante, pelo menos, os próximos vinte anos. Mais evidente ainda, a área do saneamento básico apresenta um quadro em que 47% dos domicílios não têm acesso a redes de esgoto e 17% da população sequer tem água tratada, segundo o Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS). Os índices apontam para uma flagrante demanda por empreendimentos de infraestrutura no país, um dos principais condicionantes para atração de investimentos privados. De acordo com Carlos Bianco, gerente regional da Cargill, a simples adequação dos investimentos nos modais de transporte pode reduzir o custo da tonelada de soja exportada em até 5 dólares, aumentando a produtividade do produto nacional. Considerado um marco em concessões de infraestrutura, o leilão da Companhia Estadual de Água e Esgoto do RJ (CEDAE) atraiu R$ 22,6 bilhões de arrecadação para o estado, e uma projeção de R$ 28 bilhões em investimentos por parte das operadoras. Como sabemos, investimentos em infraestrutura geram muitos empregos de boa qualificação. Em uma economia de mercado emergente com alta mobilidade e intensidade de mão de obra, caso do Brasil, cerca de 35 empregos são criados em água e saneamento por US$ 1 milhão de investimento, segundo o FMI. Isso quer dizer que, o caso da CEDAE sozinho tem o potencial de gerar nada menos do que 178 mil empregos no estado fluminense. Se passar a investir os 4,8% preconizados pelo SINICON, pode gerar 1,4 milhão de empregos diretos, reduzindo o desemprego em cerca de 10%. Emprego é, renda é consumo, e consumo representa 65% do PIB brasileiro em 2020, e impacta decisivamente na geração de empregos em outros setores, como no de serviços, que ocupa quase 70% dos trabalhadores ativos no Brasil. Se o retorno em competitividade e empregos é certo, o que falta é viabilizar a chegada do capital, tendo como prioridade as Parcerias Público-Privadas (PPP) para acelerar o fluxo de investimentos. Para tal, além do fomento normalmente gerado pelos bancos de desenvolvimento, os investidores precisam, principalmente, de segurança jurídica. Na base de tudo, porém, o maior gargalo do Brasil hoje está na instabilidade política acentuada nos últimos anos. Portanto, parece óbvio que a infraestrutura é, ao mesmo tempo, o gargalo e a força motriz da retomada do nosso crescimento, do emprego e renda, porém, ainda devemos criar as condições políticas e jurídicas para viabilizar a chegada de investimentos.

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