Força de segurança é para promover segurança, não mortes

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Estudo da Universidade Federal Fluminense (UFF) preconiza três critérios de
eficiência policial, em operações com características semelhantes à que ocorreu
no Complexo do Jacarezinho: motivação bem definida, baixo número de mortos e
feridos e grandes apreensões de armas, drogas, dinheiro e produtos do crime.
Em 98,3% das operações, as forças de segurança do Rio de Janeiro mostraram-se
incompetentes.
Fato é que o cenário de incursão de guerra que se apresentou na comunidade
carioca é uma constante em operações policiais Brasil afora. O preceito básico de
atuação do estado, que deve ser sempre o bem-estar da sociedade acometida por
crimes, parece não fazer parte do espírito que move estas operações, muito mais
afeitas a uma guerra entre policiais e criminosos, onde a lei e a ordem a que
todos somos submetidos sequer são lembradas.
No Jacarezinho, foram 28 eventuais suspeitos mortos em circunstâncias bastante
questionáveis, nenhum preso e perdeu-se a vida de um policial em serviço. Além
da haver mais de uma versão sobre as motivações da operação, foram
apreendidos 25 armamentos, número menor do que de mortos, e toda uma
população exposta ao risco de morte por simplesmente estarem se dirigindo ao
trabalho.
O que tem que se ter em mente, para além da investigação de eventuais ilícitos
da operação, é a qual deve ser a função do estado no campo da segurança
pública: PROTEGER. Os dados que existem neste momento mostram que esta
operação foi, no mínimo, incompetente em sua função primordial de proteger a
população. Nada indica que o resultado da incursão, da forma que foi feita no
Jacarezinho, tenha deixado qualquer benefício a sua população em termos de
segurança.
Portanto, a base de toda discussão sobre segurança pública se dá ainda no nível
mais básico, o do seu propósito. O Brasil precisa urgentemente rediscutir ao que
se propõem as forças de segurança nos variados âmbitos do Estado. Se o
propósito não estritamente o de proteger a população, é certo que estamos no
caminho errado.

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