O golpe de 31 de maru00e7o de 1964 levou o Brasil ao peru00edodo mais sombrio de sua
histu00f3ria, em que a supressu00e3o das liberdades individuais serviu de pano de fundo
para o cometimento de crimes hediondos em nome do Estado. Nu00e3o hu00e1 contexto
possu00edvel que justifique a dor de tantos brasileiros, e muito menos hu00e1 motivo para
qualquer tipo celebrau00e7u00e3o.
A data deve ser sempre lembrada, sem perder de vista a verdade dos fatos, a
comeu00e7ar pela data correta do golpe, 1u00ba de abril, dia da mentira. E nu00e3o hu00e1 nada
mais subversivo do que as Foru00e7as Armadas de um pau00eds se insurgirem contra seu
pru00f3prio povo. Resultado disso, o regime militar foi responsu00e1vel por perseguir
opositores, jornalistas, artistas e cidadu00e3os comuns, praticar a tortura, assassinar
brasileiros e desaparecer com os corpos. Esta foi a cruel realidade.
Tambu00e9m sob o ponto de vista de gestu00e3o, o regime militar primou pela falta de
transparu00eancia nos gastos pu00fablicos e indicadores socioeconu00f4micos, ancorou a
atividade produtiva em poucos conglomerados estatais e privados, com uma
desigualdade de renda brutal. A presenu00e7a de crianu00e7as abandonadas nas ruas era
cena comum na maioria das grandes cidades, que acarretou em fome e violu00eancia.
O pau00eds ainda paga, atu00e9 hoje, um alto preu00e7o pelas du00e9cadas de atraso. E, por uma
infeliz coincidu00eancia, chegamos justamente na semana da maior tragu00e9dia sanitu00e1ria
de nossa histu00f3ria com o atual governo enveredando pela deformau00e7u00e3o
institucional e a tentativa de subjugar a Defesa do Estado no sentido de um novo
golpe.
De positivo fica o fato do alto comando das Foru00e7as Armadas reafirmar seu papel
de Estado, nu00e3o de governo, pautado pela consciu00eancia de que a defesa da pu00e1tria
serve u00e0 constituiu00e7u00e3o e seu povo. Ju00e1, hu00e1 algum tempo, exercitamos o entendimento
de Defesa mais moderno e amplo, com preponderante participau00e7u00e3o da sociedade
civil. Este conceito deve prevalecer, sempre em prol da democracia e da
liberdade.
Portanto, relembrar a realidade cruel desta data u00e9 base para que a sociedade
rechace novas sanhas autoritu00e1rias, atuais e futuras. As circunstu00e2ncias
humanitu00e1rias, daquela u00e9poca e dos dias de hoje, tambu00e9m nu00e3o coadunam com
qualquer tipo de celebrau00e7u00e3o, muito menos de fatos muito dolorosos da nossa
histu00f3ria.