No primeiro Ciclo de Diálogos Brasil Melhor, promovido pelo ÍNDIGO, o professor Eduardo Leite, Secretário Geral do Fórum de Segurança Humana da ONU, expôs a urgência mundial pela necessidade de uma reengenharia na sociedade. Eduardo Leite ressaltou que o mundo levou 200 anos para dobrar o tamanho de sua população, hoje com 7,8 bilhões de pessoas, e que o mundo deve atingir 15 bilhões de habitantes já em 2067, e projetou que “se hoje o mundo já vive num contexto de fome e insegurança humana, se algo efetivo não for feito nos próximos 10 anos, as pessoas sequer terão perspectiva de um futuro”, o que pode comprometer a garantia do convívio social.
O conceito de segurança humana da ONU define pilares como condições fundamentais de liberdade, distribuídos nas dimensões econômica, alimentar, de saúde, do meio ambiente, pessoal, comunitária e política. Eduardo Leite frisou que a segurança econômica e a segurança alimentar são base para todas as demais, pois proporciona mais saúde, educação e segurança, e faz um alerta: “O Brasil tem hoje pelo menos 15 milhões de desempregados. O cidadão que não tem um trabalho digno deve ser amparado com condições mínimas de sobrevivência.”
O encontro teve a participação da Senadora Soraya Thronick (PSL-MS), que trouxe ao diálogo a importância de traduzir estes conceitos ao cotidiano dos brasileiros, e lembrou que “a perda de liberdades essenciais são menos em decorrência de guerras e mais em de questões do dia-a-dia dos cidadãos, diante de ameaças violentas e não-violentas”.
Já o superintendente do ÍNDIGO, professor Marcos Cintra, reforçou que o Brasil precisa conjugar todos os pilares da segurança humana. Cintra pondera que para incorporar a maior parte da sociedade nos ganhos de um sistema próspero, a segurança humana deve ser tratada de forma sistêmica num programa coerente e consistente, e emenda: “Qual é o grande problema do Brasil? Todos! Empreender num único pilar não fará a sociedade evoluir. Precisamos evoluir para o estágio da prosperidade.”
Alexandre Alves, que é coordenador de parcerias da Agência de Cooperação dos Estados Unidos (USAID) e tem desenvolvido projetos de desenvolvimento sustentável e empreendedorismo na Amazônia, traz um fato que pode colocar o Brasil no topo da agenda de segurança humana mundial. “Na Amazônia vivem 30 milhões de pessoas, e não há saída para a proteção ambiental que não passe por dar condições dignas a esta população, como emprego, renda, saneamento, educação, saúde e, é claro, a coexistência com o meio ambiente.” Alexandre acredita que, diante da premente preocupação do mundo com as mudanças climáticas, a Amazônia tem condições de se tornar prioridade mundial na aplicação de investimentos internacionais que promovam a segurança humana. Ao encerrar o evento, Marcos Cintra enalteceu o diálogo e ressaltou que a discussão teórica é o que dá início para o caminho do desenvolvimento da sociedade, e concluiu que o encontro “é o marco referencial sobre que pontos devemos trabalhar”.
O evento foi transmitido pelo YouTube, e pode ser conferido no visualizador abaixo: