Genuinamente pernambucano, o modelo de escola em tempo integral ou Escola da Escolha, nasceu em 2004 como projeto piloto com o Ginásio Pernambuco, espalhou-se pelo Brasil a partir de 2016 e está transformando a educação e o futuro da juventude brasileira. Estou falando de evidências! Não é mania de grandeza pernambucana! Escola integral é uma realidade no mundo e o Brasil perdeu muito tempo. Tivemos tentativas no passado que não foram adiante. Pesquisas mostram que o modelo de ensino integral, concebido pelo grande pernambucano Marcos Magalhães, do Instituto de Corresponsabilidade pela Educação, vem impactando positivamente o aprendizado de português, matemática e o geral, resultando em maiores salários para os formados, mais empregabilidade das meninas e na de redução de violência na escola e dos índices homicídios em até 50%.
Pelo impacto na aprendizagem, no desenvolvimento humano, na redução das desigualdades e na promoção de equidade, a educação integral tem sido alvo de pesquisas, avaliações e monitoramento no Brasil e no mundo. A criação do Centro de Evidências da Educação Integral pelo Insper em parceria com o Instituto Sonho Grande e o Instituto Natura é uma iniciativa fantástica. Participei do lançamento do Centro, em São Paulo, integrando uma roda de conversa para falar da minha experiência como coordenador da implantação do modelo em Pernambuco. Uma decisão política ousada e acertada do governo Jarbas/Mendonça.
Doze anos depois, como ministro da Educação, tive a oportunidade de nacionalizar essa experiência exitosa criando a Política Nacional de Ensino Médio Integral na reforma do ensino médio. Dedicado a produzir e organizar o conhecimento científico sobre educação integral para o desenvolvimento humano, o Centro de Evidências da Educação Integral nasceu tendo como base cerca de 200 trabalhos científicos, nacionais e internacionais. No Brasil, a Meta 6 do Plano Nacional de Educação (PNE) prevê que metade das escolas públicas do país oferte educação em tempo integral até 2024. O que permitiria chegarmos a 25% dos alunos da Educação Básica passando mais tempo em sala de aula.
Quando criamos a Política Nacional de Escolas em Tempo Integral no MEC, as matrículas nessa modalidade representavam apenas 5,2% do total. Dados do Instituto Sonho Grande, comandado pela competente Ana Paula Pereira, apresentam mostram um resultado espetacular em seis anos: o percentual de matrícula em tempo integral saiu de 5,2%, em 2016, para 14,9%, em 2021. O de escolas em tempo integral no ensino médio passou de 8,2% em 2016, para 21,9% em 2021. Ainda estamos distantes da meta do PNE. Mas avançamos muito. As evidências confirmam: apostamos certo ao oferecer uma modelo de educação que transforma a vida do jovem. Num país como o nosso, onde os indicadores de educação e de violência são desoladores, isso não tem preço. É valor principal da vida pública.
Mendonça Filho, ex-ministro da Educação e consultor da Fundação Lemann.