Entenda como funcionaram as negociações diplomáticas para garantir a exportação de borracha brasileira, extraída na Amazônia, para os Estados Unidos durante a Segunda Guerra Mundial
Durante a Segunda Guerra Mundial, o governo do Brasil, alinhado com os Estados Unidos, começou a exportar insumos para o país norte-americano fabricar pneus, botes, material isolante, calçados e outros produtos derivados da borracha. Nesse cenário, a Amazônia, grande reservatório de seringueiras, se tornou protagonista da exploração do látex.
À época, eram contabilizadas cerca de 300 milhões de seringueiras na região, com capacidade de produzir até 800 mil toneladas de borracha por ano. Entretanto, apesar do país norte-americano solicitar a entrega de 70 mil toneladas de borracha por ano, o baixo número de seringueiros em atividade limitava a entrega a 17 mil toneladas anuais.
Com a assinatura dos Acordos de Washington, os Estados Unidos se comprometeram a fazer grandes investimentos nas áreas de extração da matéria prima e, em contrapartida, o governo brasileiro seria responsável por aumentas o número de trabalhadores na atividade.
Os Soldados da Borracha eram, em sua maioria, nordestinos atraídos por promessas de bons pagamentos e condições dignas de vida, já que anos antes haviam sofrido com a seca extrema na região. Cerca de 60 mil homens foram mandados para a Amazônia para extrair borracha para os Estados Unidos.
Apesar das muitas promessas feitas, a realidade que presenciaram foi de muita dificuldade. Inclusive, muitos morreram de malária e por exposição aos perigos da selva. Os que sobreviveram acabaram ficando na Amazônia por não terem dinheiro para retornar para seus estados de origem.
Mesmo com todo o apoio que eles deram para os esforços da Segunda Guerra, só foram reconhecidos como combatentes de guerra em 1988, ganhando, assim, direito à pensão pelo serviço prestado. E, apenas em 2011, os Soldados da Borracha foram incluídos no livro dos Heróis e Heroínas da Pátria, quando o sacrifício feito por eles foi, de fato, reconhecido.
