Um filho em febre, um pai acidentado, uma avó enferma. Quem nunca enfrentou uma doença na família? Não bastasse o desgaste emocional, e muitas vezes financeiro, o povo baiano precisa lidar com filas de atendimento, falta de assistência médica e, principalmente, de leitos hospitalares. Para debater esse quadro, a Fundação Índigo e o União Brasil promovem no próximo dia 30, em Salvador, o S.O.S Bahia – Caminhos para Mudar a Saúde Pública do Nosso Estado.
O evento, que acontecerá no Porto Salvador Eventos – Terminal Marítimo, reunirá o especialista em Medicina de Família e mestre em Saúde Pública, Daniel Soranz; a especialista em Administração Hospitalar, Mariana Carrera; o consultor da Organização Pan-Americana da Saúde OPAS/OMS, Renilson Rehem; e o presidente da Fundação Índigo e ex-prefeito de Salvador, ACM Neto.
Ao longo dos últimos 17 anos, a Bahia figurou consistentemente entre as unidades da federação com as taxas de mortalidade infantil mais elevadas do Brasil. Enquanto a média nacional é de 12,62 mortes por mil habitantes, a Bahia alcançou em 2024 a triste marca de 15 bebês mortos/mil habitantes – taxa similar à de 2015 (15,16), configurando uma verdadeira década perdida no combate a este grave problema.
Se os índices de mortalidade infantil revelam a eficácia do sistema na base e na prevenção, a disponibilidade de Leitos gerais e de Terapia Intensiva (UTI) por mil habitantes mede a sua capacidade de resposta no topo da pirâmide de complexidade. Este indicador é a linha de frente do sistema contra traumas graves, complicações cirúrgicas, doenças infecciosas severas e crises sanitárias. Na Bahia, a disponibilidade de leitos de UTI expõe uma deficiência estrutural grave, configurando um dos maiores gargalos da saúde pública baiana.
Há uma desconexão profunda entre o tamanho da população baiana e a infraestrutura de alta complexidade disponível para atendê-la. O estado possui a 4ª maior população do país e figura entre os piores neste indicador crucial, ocupando a 22ª posição no ranking nacional, e o penúltimo lugar no Nordeste, atrás somente do Piauí. A taxa na Bahia (0,11) é 36% inferior à média do Brasil (0,15 leitos/mil hab). Um cidadão baiano em estado grave tem menos acesso à UTI do que um paciente de outras partes do país.
“A Bahia precisa de um governo que apoie, que invista, que integre as regiões do estado e trate os baianos como um só povo. Sem distinção entre capital e interior. Reverter o quadro atual depende de diretrizes claras dos governantes e trabalho conjunto com as prefeituras, com suporte e experiência dos profissionais de saúde. Muitos municípios não têm condições de oferecer, sozinhos, a assistência necessária à população”, destacou o anfitrião do S.O.S Bahia, ACM Neto.